Datafolha: maioria quer flexibilidade e não vínculo CLT nos apps

Estudo Datafolha mostra que motoristas de app no Brasil rejeitam CLT, priorizam flexibilidade e pedem auxílio público para troca de veículo na regulamentação.

Um estudo Datafolha realizado no Brasil entre maio e agosto de 2025 indica que a maioria dos motoristas de aplicativo rejeita o vínculo empregatício pela CLT, valoriza a flexibilidade e considera essencial que a regulamentação traga auxílio público para troca de veículo. A pesquisa, encomendada pela Uber, também aponta que o aumento do custo de vida e a possibilidade de organizar a própria rotina são os principais motivos para atuar no setor.

Principais números do estudo

  • 60% não gostariam de ser empregados CLT para dirigir por aplicativos; 25% gostariam; 14% não souberam responder.

    • Considerando apenas quem opinou, a rejeição à CLT sobe para 70%.

  • Sobre trabalho intermitente (CLT/2017), 66% dizem que não atende às necessidades; entre os que responderam, a rejeição chega a 76%.

  • Mesmo com salário líquido igual ao atual, 54% não migrariam para a CLT; excluindo indecisos, 66% manteriam o modelo atual.

  • Amostra: 1.800 motoristas com cadastro ativo, em todas as regiões do país (Datafolha, maio–agosto/2025).

O que os motoristas querem da regulamentação

A prioridade para 52% é auxílio para compra/troca de veículo (linhas de financiamento ou incentivos). Além disso:

  • 17% destacam Previdência como medida central;

  • 7% pedem capacitação;

  • 1% cita remuneração/tarifa mínima;

  • 21% preferem nenhuma intervenção do poder público;

  • 1% deseja apenas isenção de taxas e impostos.

Previdência e proteção social

  • 60% afirmam ter cobertura previdenciária (pública ou privada):

    • 33% contribuem ao INSS como empregados de empresa pública/privada;

    • 18% contribuem como autônomos;

    • 9% possuem apenas previdência privada.

  • Entre os não cobertos, os principais motivos são: custo (32%), modelo inadequado à realidade do motorista (23%) e burocracia (17%).

Congresso, STF e insegurança jurídica

O tema está em debate na Câmara dos Deputados e também no Supremo Tribunal Federal (Tema 1291, repercussão geral). Em outubro de 2025, após sustentações, o julgamento foi suspenso e sem data para retomada.

  • 56% dos motoristas concordam que a falta de definição judicial gera insegurança.

  • Se houvesse decisão impondo vínculo CLT para todos, 50% buscariam outra atividade como autônomo e 16% migrariam para emprego.

Perfil da categoria no Brasil

Segundo o Datafolha:

  • 90% são chefes de família; 58% têm ensino médio completo;

  • 60% ficam até 20h/semana online; 58% têm outra fonte de renda;

  • 74% usam mais de um app no dia a dia; 72% querem continuar nas plataformas.

  • Motivações principais: custo de vida (87%), flexibilidade/autonomia (84%), financiar projetos (80%) e complementar renda (79%).